Professor Haroldo de Paiva morre após agressão

Publicado em 18/01/2019 às 12:33 por Redação
A manhã de segunda-feira (14) começou com uma notícia que abalou a consciência dos moradores de Ouro Preto. Todos os dias são anunciadas mortes, espancamentos e outros tipos de violências pelos jornais da televisão. Desta vez, o Jornal Tribuna Livre anuncia com imensa dor: o professor do IFMG, Haroldo de Paiva, aos 63 anos, faleceu após ter sido espancado e encontrado inconsciente em sua residência no sábado, dia 13.

A Polícia Militar foi acionada pelos vizinhos, ao perceberem que a porta da residência do Professor encontrava-se aberta e de janelas fechadas. Os vizinhos comentaram estranhar o fato de não terem visto o senhor Haroldo sair.

Os mesmos vizinhos entraram na casa e encontraram a vítima caída, com vários ferimentos na cabeça.

Após o atendimento da Polícia Militar e dos Bombeiros, a vítima foi levada para hospital de Ouro Preto, que apesar do estado grave de saúde, foi transferido para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, onde veio a falecer na última quinta (17).

Do trabalho da Polícia Civil


A Polícia Civil de Minas Gerais realizou ontem (17), a identificação e prisão de um suspeito de agredir Haroldo de Paiva.

Um suspeito de 25 anos confessou ter espancado o professor: "Ele disse que após uma discussão com a vítima, ficou muito nervoso e começou a agredi-lo até a morte, sem dar devidas motivações pela briga.", informou o Delegado Isaias Confort Costa.

De acordo com o Delegado o crime será investigado como lesão corporal seguida de morte ou como possível latrocínio (roubo com resultado morte), uma vez que a moto do Professor foi levada.

Homofobia


A homofobia é um problema constante no Brasil, havendo estatísticas compiladas pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) que sugerem que o Brasil é o país com a maior quantidade de registros de crimes homofóbicos do mundo, seguido pelo México e pelos Estados Unidos.
De acordo com o GGB, um homossexual é morto a cada 28 horas no país por conta da homofobia (assassinatos e suicídios)[3] e cerca de 70% dos casos dos assassinatos de pessoas LGBT ficam impunes.
Uma das principais suspeitas que motivaram o crime foi a homofobia. A direção do Sinasefe IFMG divulgou em sua página a seguinte nota de falecimento:

"Haroldo se tornou mais uma vítima da violência brutal que aflige o povo brasileiro. Vale ressaltar que a hipótese de crime de homofobia não foi descartada e que, portanto, o período exige ainda mais a união de forças para o combate ao ódio: às formas de opressão; à banalização da violência, da crueldade e da tortura.


É importante ressaltar que o Professor era ativista das lutas contra a LGBTfobia. Alguns movimentos lamentaram o crime, através de manifestação de publicação de repúdio contra o crime, como o Movimento Ita LGBT:

É com grande pesar que recebemos a notícia da morte de Haroldo de Paiva Pereira, coordenador de Artes do IFMG – Ouro Preto. Neste momento de dor e consternação, só nos cabe unir forças para continuar essa luta.

Em nome deste querido professor, que deixou uma grande lição de resistência, desejamos muita força à sua família, para que possa enfrentar esta imensurável dor com serenidade
”.

Após apuração dos fatos envolvendo a morte do professor, a Equipe de Homicídio da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) em atos conjuntos com o Ministério Público e o Fórum de Ouro Preto, aceleraram o processo que culminou na prisão do criminoso na data de ontem (17).

O presidente do movimento ITA LGBT, Leandro Dias Oliveira, lembrou a grande contribuição que o professor deu aos seus alunos e à sociedade ouro-pretana. “Haroldo sempre lembrado pelo profissionalismo, inteligência, competência e sensibilidade para lidar com as adversidades, fazendo um enfrentamento a LGBTfobia. Sua morte não será em vão. Deixamos os nossos mais sinceros pêsames aos familiares e amigos”.

O Jornal Tribuna Livre lamenta o acontecido e aguarda por justiça enquanto transmite a seguinte mensagem: "São tempos difíceis para sonhadores". Como Jornalistas não devemos escolher um lado, devemos ser imparciais e entender que toda história existe o outro lado da moeda.

No caso em tela, a moeda foi espancada e silenciada. Pedimos, veemente em nome da população de Ouro Preto, por justiça para o Professor Haroldo. Estamos diante de um crime bárbaro, cometido por ódio. Continuem lutando pela justiça, pela liberdade de amor ao próximo. Seguimos não soltando a mão de ninguém e não calaremos enquanto manifestações de ódio forem propagadas.

Ouro Preto segue em luto pelo falecimento de Haroldo Paiva.
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