Pesquisadores recriam parte do acervo do Museu Nacional com impressoras 3D
Publicado em 22/09/2018 às 08:47 por Redação
Pesquisadores estão recriando em tamanho real parte do acervo do Museu Nacional, que pegou fogo no início do mês. Entre as peças impressas em 3D estão o crânio e o rosto do fóssil humano mais antigo da América do Sul, Luzia.
Os estudos estão sendo retomados em um laboratório do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), por alunos de mestrado e doutorado da Universidade Federal do Rio.
Um deles é Pedro Luiz Von Seehausen, arqueólogo que fazia pesquisas no Museu Nacional desde 2012. Agora ele tem uma nova tarefa: catalogar todas as peças da coleção egípcia que foram escaneadas ou tomografadas.
“Para começar a fazer inventário, o que a gente tem escaneado, o que a gente tem microtipado, foi importante ter acesso a este espaço”, diz ele.
Os arquivos 3D do acervo do museu nacional começaram a ser produzidos há mais de quinze anos, numa parceria com o INT e a PUC-Rio. O objetivo era justamente preservar essa memória caso alguma peça fosse perdida.
“É um acervo que vai tentar ressurgir do pó, né? Porque é feito em pó, pó de nylon, a matéria prima é pó”, explica Jorge Lopes, pesquisador do INT/PUC-Rio.
Com a ajuda da tecnologia, muitas peças destruídas no incêndio vão poder ganhar forma e rosto novamente. Foi assim com Luzia. O crânio e o rosto do fóssil humano mais antigo da américa do sul já estão impressos.
“Nós sabíamos que tínhamos tomografado, a cabeça, o crânio da Luzia, mas o rosto, essa reconstrução facial, que foi feita por um pesquisar inglês chamado Richard Nive, a gente nem lembrava que tinha escaneado”, conta Lopes.
“A gente estava escaneando um dia o Bedengó, o meteorito, e a vitrine estava aberta porque estavam fazendo manutenção. Aí eu conversei com a pesquisadora, vamos aproveitar e scanear o rosto dela, né?”, acrescentou.
Os pesquisadores acreditam ter digitalizado cerca de trezentas peças do acervo.
As impressões 3D estão sendo feitas com material reciclado que funciona perfeitamente para as réplicas. Tudo vai ser entregue aos pesquisadores do museu.
“Quando você chega aqui, você olha as peças já impressas, você dá uma sensação boa, você fica se sentindo, é um consolo”, diz Pedro;
“É o que a gente pode mostrar hoje, resgatando essa memória, para mostrar para as futuras gerações. Minha filha, por exemplo, nunca viu. Agora ela pode ver como era o rosto e o crânio da Luzia”, acrescenta Jorge.
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Maria do Carmo Batista (in memorian)