A saga do pai que provou a inocência do filho acusado de matar jovem em Guaratiba

Publicado em 24/01/2019 às 20:42 por Redação
RIO - A história de duas famílias — uma marcada por uma tragédia irreversível e outra, por uma dolorosa injustiça — teve como personagens principais jovens de Barra de Guaratiba. Matheus, de 22 anos, e Leonardo, de 27. O primeiro foi assassinado ao tentar salvar a mãe de bandidos que assaltavam o mercado da família na terça-feira da semana passada. O segundo foi preso, acusado do crime, embora alegasse inocência.

Ontem, Jorge Benjamin passou horas de pé debaixo de sol forte, na porta do presídio de Benfica, para onde Leonardo foi levado, aguardando a saída do filho e ansiando por um abraço. O pai, persistente, provou ter razão, e a Polícia Civil reconheceu o engano, prendendo outro suspeito, que confessou o crime.

Jorge estava calmo, apesar de um problema burocrático ter atrasado a chegada do alvará de soltura. Ele minimizou o próprio sofrimento e se solidarizou com os pais de Matheus Lessa:

Estou aliviado porque o erro foi corrigido. Fizemos de tudo para provar a inocência dele. Meu filho é inocente. Ele não fez parte dessa ação tão bárbara. Meu coração está em paz, sem ressentimento — disse Benjamin, que conversou com jornalistas na porta do presídio e orou com parentes e amigos para superar o cansaço e suportar a espera. — Perdi meu filho por alguns dias. Já eles perderam o menino eternamente. Temos que estar solidários à família, porque não tem como repor essa perda.

Solto na madrugada


Técnico administrativo, Jorge buscou Leonardo na unidade prisional no início da madrugada desta quinta . Por um erro, o alvará foi parar na Penitenciária Tiago Teles de Castro Domingues, em São Gonçalo, para onde o rapaz seria transferido, antes de o caso ter uma reviravolta.

O drama do rapaz e da família teve início logo após a morte que devastou os pais de Matheus. Desempregado, Leonardo Nascimento dos Santos, que é eletricista, foi reconhecido como o assassino que atirou contra o jovem e preso no dia seguinte ao crime. No domingo daquela semana, ele fez aniversário.

Ontem, ao lado da irmã gêmea de Leonardo e de amigos, Jorge vestia uma blusa com o rosto do filho e o de Matheus, e a frase “Uma tragédia 2 vítimas”.

Foi a primeira vez que Leo passou o aniversário longe da irmã gêmea. Nós íamos comemorar na Ilha Grande, mas a viagem foi adiada. Agora, o que mais quero é abraçá-lo, beijá-lo e dizer: “parabéns, meu filho” — afirmou.

Mantendo a calma desde o início da prisão do filho, Jorge, que fala pausadamente, disse acreditar que Leo foi reconhecido por testemunhas na delegacia já que tem “pele escura” como a do assaltante.

Primeiro, reconheceram meu filho por meio de uma foto, que eu acredito ter sido retirada da internet. Depois, o levaram para a delegacia. Ele foi colocado na frente das testemunhas e ao lado de outros dois homens de pele clara. Então, foi apontado como o criminoso — contou.

Leonardo foi apontado por quatro testemunhas, inclusive a mãe de Matheus, Carla Cristina Rodrigues Santos, que estava em choque. Para a advogada de defesa de Leonardo, Ingrid Dantas, o fato de terem usado apenas o seu cliente com características semelhantes às do suspeito procurado teria contribuído para o equívoco. Ela apresentou imagens de câmeras de rua que mostravam Leonardo caminhando perto de casa, com roupa diferente da que era usada pelo assassino, e no horário do assalto no mercado. A casa da família fica a cerca de 3 quilômetros da loja.

O Leonardo mora na região. Houve ligações do Disque-Denúncia. Foi uma fatalidade, eles são muito parecidos — afirmou Ingrid, que, no entanto, elogiou o trabalho da Delegacia de Homicídios da Capital, que assumiu as investigações. — Toda a equipe estava extremamente empenhada em apurar as provas que foram trazidas.

Yuri Gladstone Guimarães e Adeílton Santana de Oliveira, conhecido como Boquinha, foram presos e vão responder pelo assassinato de Matheus. De acordo com a polícia, Yuri foi detido na noite de terça-feira. Ele confessou e apontou Boquinha e um terceiro participante, identificado como Matheus, que dirigia um Ecosport utilizado na fuga.

No assalto, seguido de morte, os criminosos levaram R$ 30 e um celular, roubado de uma cliente. Os pais de Matheus decidiram fechar o mercado por não suportarem mais olhar para o balcão em que o filho, que acabara de se formar em psicologia, costumava atender os clientes.

Fonte: O Globo - Rio.
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