Saiba como investir em bitcoin, moeda mais valorizada no mercado mundial
Publicado em 07/12/2018 às 14:11 por Redação
Em abril de 2017 um sequestro cometido em Florianópolis chamou a atenção pelo pedido de resgate incomum: valores altos das criptomoedas Zcash e Monero. Apesar de ainda serem pouco conhecidas, as moedas virtuais crescem a cada ano. Nesta tarde de sexta, o bitcoin – a mais popular – equivale a R$ 12.793,74.
A valorização desse tipo de mercado também é alta. O bitcoin teve alta superior a 85% em 2016 – um ganho bem maior do que o de outros ativos como a Bolsa de Valores e o Tesouro Direto. Em dólar, o bitcoin subiu 110%.
Nova era com o capital cibernético
Parece complicado entender como um dinheiro virtual tem tanto valor, mas segundo Marcelo Eisele, cofundador da Blockchain Academy de São Paulo, as criptomoedas estão ligadas à história da humanidade com o dinheiro.
O sistema financeiro começou com trocas, depois passou a ser representado por moedas ou papel, cujo valor era baseado em lastro de ouro. De acordo com ele, as moedas virtuais são uma evolução natural desse sistema.
– Quando o sistema foi criado, a moeda não valia nada, porque ninguém conhecia. Mas conforme as negociações começaram, foi valorizada. Até um fato curioso aconteceu em 2010: uma pessoa convenceu o vendedor de pizza a aceitar 10 mil bitcoins como pagamento, já que a moeda valia pouco na época. Atualmente, isso equivaleria a cerca de R$ 54 milhões. É a pizza mais cara da história – compara Eisele.
As criptomoedas foram criadas entre 2008 e 2009 por um investidor conhecido pelo pseudônimo Satoshi Nakamoto. A primeira delas foi a bitcoin, que também é a mais popular e valorizada hoje em dia – um bitcoin equivale hoje a cerca de R$ 5,5 mil, o maior valor já atingido até hoje segundo dados do Mercado Bitcoin, uma das maiores empresas do Brasil para transações de moedas virtuais.
Há sete anos, quando o primeiro site brasileiro que permitia compra e venda de bitcoins entrou no ar, a cotação da unidade da moeda virtual era de R$ 24.
Desconfiança nas primeiras transações
A fama das cibermoedas começou com um lado obscuro, com transações ilegais, como tráfico de drogas. Mas Eisele acredita que essa fase já foi deixada de lado, já que as empresas que realizam as transações têm a identificação de todos os usuários e todas as movimentações são registradas no blockchain – espécie de livro contábil que registra as transações feitas com a moeda.
Para ele, casos como o sequestro que ocorreu no fim de abril são exceções, pois as exchanges – empresas corretoras de moeda digital – buscam combater ações como a lavagem de dinheiro.
Para isso, são tomadas medidas de segurança, pedindo documentos e dados de todas as pessoas que têm carteiras registradas, como ao abrir uma conta no banco.
– O grupo que realizou o sequestro tinha conhecimento suficiente sobre o assunto e a carteira utilizada deve ter sido desenvolvida com essa intenção. A pessoa que foi alvo era muito específica, acredito que isso não abre precedentes para novos casos – defende.
De tão difundida, já é possível fazer doações em bitcoins a instituições como Greenpeace, Wikipedia ou comprar passagens aéreas na Expedia.
Legalidade está sendo discutida no mundo
No Japão, as criptomoedas foram legalizadas oficialmente no dia 1o de abril de 2017, sendo utilizadas por comerciantes e apoiadas por grandes redes varejistas. Os japoneses têm usado essa forma de pagamento no cotidiano, desde a conta de energia elétrica até um café.
O site Nikkei relata que cerca de 4,5 mil lojas no Japão aceitam bitcoin e a expectativa é que até o verão deste ano esse número suba para 260 mil lojas. Na Rússia, o ministro das finanças pretende criar um projeto lei para regulamentar as moedas ainda em 2018 como forma de aumentar o controle sobre a corrupção e a lavagem de dinheiro, já que todas as transações podem ser rastreadas.
Já no Brasil, Eisele esclarece que não há normas que regulam ou proíbam o uso de moedas virtuais. Porém, a Receita Federal já incluiu essas moedas nas instruções da declaração do Imposto de Renda deste ano. As autoridades chinesas também ampliaram a fiscalização sobre bolsas em 2017, forçando-as a começar a cobrar taxas de negociação, depois de se mostrarem preocupadas sobre a especulação envolvendo bitcoins e potencial uso para lavagem de dinheiro.
GLOSSÁRIO
► Criptomoedas
Segundo Marcelo Eisele, cofundador da Blockchain Academy, as criptomoedas são um dos ativos financeiros que mais têm se valorizado nos últimos anos. Apesar do nome, não é possível considerar esses ativos oficialmente como moedas, já que eles não são emitidos por um órgão oficial, como o Banco Central. Existem mais de mil criptomoedas no mundo, a mais popular é a bitcoin.
► Bitcoin
A primeira criptomoeda criada, que foi desenvolvida entre 2008 e 2009 por uma pessoa (ou grupo) com o pseudônimo Satoshi Nakamoto. A Bitcoin não é apenas uma moeda é também um protocolo e um software que possibilita transações instantâneas, sem envolver intermediários, e pagamentos em termos mundiais. Essa moeda virtual também apresenta taxas de processamento baixas ou nulas.
► Blockchain
É o livro razão público de todas as transações com criptomoedas já realizadas, no qual, até hoje, não há registro de fraudes. As pessoas são identificadas através de um código numérico e um QR Code que identifica sua carteira, que fica registrado na blockchain, dessa forma, é possível rastrear as transações realizadas, ao contrário das transações em papel. Este livro razão é chamado blockchain pelo fato de ser uma cadeia de blocos de transações/registros. A rede Bitcoin usa o blockchain para distinguir transações de bitcoins legítimas de tentativas de reuso de moedas, ou seja, moedas que já foram gastas em outra transação.
► Mineração
É o processo de adicionar registros de transações ao livro público, que armazena transações passadas. Minerar é também um mecanismo usado para introduzir moedas no sistema: mineradores recebem taxas e um subsídio de novas moedas criadas. Ambos servem com o propósito de disseminar novas moedas de uma maneira descentralizada bem como motivar pessoas a prover segurança ao sistema. É chamada assim porque se assemelha com a mineração de outros commodities, já que requer esforço e de forma lenta faz com que uma nova moeda esteja disponível a uma taxa que se assemelha ao ritmo dos commodities minerados do solo.
► Exchanges
São empresas que negociam criptomoedas. É possível transformar bitcoins em reais ou dólares, mas uma taxa é cobrada, dependendo da exchange escolhida. Elas disponibilizam aplicativos onde é possível acompanhar a variação do valor das criptomoedas e realizar as negociações. Todas as exchanges exigem documentação com foto dos usuários cadastrados e há uma grande preocupação com lavagem de dinheiro nesse meio.
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